sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Projectos

Idealizar, arquitectar, conceber, desenvolver, gerir
Com ou sem modelo de gestão
De vida, de trabalho ou de prazer
Do passado, no presente ou para o futuro
Com ou sem lucro financeiro
Sempre com margem para aprender
Com fim ou sem nunca acabar

Chamando-lhe projectos, criem-se
Diários, registos de memórias e anos de partilha
Revisitem-se para o júbilo (mesmo com saudade)

The world is ours

Outfitted with a travel guide
Or simply set out to wander
You can come with me
Let's fly, ride and drive
We can

discover
see
change

the world, as one

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Encanto

Não há como o teu
Não há como o meu
Somos iguais mas somos diferentes
Inspiramos o mesmo ar
Mas expiramos o que sentimos

Com palavras soltas, juntam-se frases
Com pedaços de realidade, constroem-se episódios
Com o fluxo do tempo, percorre-se um caminho

De magia

Treetop

While the wind blows, I watch its power
The leaves bend to its will, and so do the branches
Those on the treetop stand straight and will not fall
They might want to fly, but they have roots to answer to

I know you are there

I can feel the warm reflection of my words on yours
I believe that the light ahead is not only a mirage
I see you here, there and everywhere
And even if I stumble, I will not fall

I know you are there

domingo, 10 de novembro de 2013

Tentative lyrics for a song

Give me a reason to listen and
Find the hidden words in the sentences

Bringing the sound
Making it clear
Playing around

Can these verses be what you will hear?
Or will the tune tear it apart?
All syllables left behind

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Believing

When I say
When I do
When I feel
When I smile
When I frown

Believe in me: that is me.
Believe in us: this is us.

We,
As one (and brighter that the Sun),
Shine.

Enquanto dormes (3)

Nao durmo,
Não me distraio,
Não penso.

Talvez escreva, mas
Sem calor nem frio,
Sem fulgor ou vazio.

Inerte estou, 
Sem resposta fico,
E comigo o silêncio.

Enquanto dormes (2)

O cabelo que cruza a face bela, adormecida
Em sonho que reflecte, no teu respirar
A incerteza de uma tarde que
(ainda) não compreendo.

Algo descai e logo ajusto; acordarás?

Escutar

Ouvir o que não se quer e
Lembrar (o que se recorda sem querer)
Pois houve e há, como lembrança
De perda, nulo ou ganho
Mas de luz negra

Com mais calma

A correria, universo, porquê?
Os estragos em todos por nada
O tempo gira como uma esfera
Não há como controlá-lo

When your head hurts

When your head hurts
Deep in your sleep
Shallow in your day
Don't stop; keep on

thinking
walking
imagining
feeling
dreaming

Wind gusts

Your hair sparks a revolution
In the air that the sound wants
But, oh!, the wind blows
Trying to finding peace of mind
Inside a gust that you don't allow

You, your hair, the sound and wind
All together (now) flow

Exercício (ou exaustão)

Pelo vazio do espaço atreve-se
O cansaço a ser exaustão
De um pequeno passo
Surge um grande tropeção

Sorte, destino, fé? Não!
Acaso, probabilidade, resultado: revolução!

domingo, 6 de outubro de 2013

Outra, nova luz

São uns minutos de espera
Intensa como outros voos
Que passam lentamente
E se demoram a esgotar

Ao fim, palavras surgem
Limpam grande parte da incerteza
Empurram por uma escada
Que, mesmo tropeçando, caminha até ao Sol

E da luz vibrante que emanas
(mais do que o próprio astro)
Bebo com sofreguidão

Somos um, cada um
Mas vivemos nós
E temos uma nova, outra luz

Uma para nós!

sábado, 7 de setembro de 2013

Entre as nuvens e o Sol

No alto do alto do topo de montanhas infindáveis
Vive o ar rarefeito que alimenta todo o pouco animal que sobrevive
Picos que são escarpas iluminam o gás, que renasce

Há nuvens e há Sol; entre eles,

Tu, qual
   céu limpo
   água cristalina
   fogo vivo
Tu; e apenas tu

Mundos escuros

Faces sombrias à chegada!
Alerta; porquê?
Estive apenas à luz:
   a reflecti-la
   a unir os raios de cada um dos dois
Não se conseguem iluminar?
Ou pelo menos espreitar através do clarão
   que agora irradio
Falai!

Regresso

Revejo lugares que nunca vi;
   apenas sonhei
Percorro momentos a teu lado que nunca concebi;
   apenas imaginei
Rumo ao futuro sem uma sombra que nunca o foi;
   apenas limitei

Inesperado

Ao encontrar uma delonga de melancolia
Procurando um sorriso, nem que fugaz, na companhia
Rodeia-me o ar bucólico pleno de uma estranha magia
A paisagem surge então por todo o lado
Pergunta? Vens, claro que vens
Ou não existisse limite a ser explorado
Pela explosão, pelo retorno, pela explosão

domingo, 1 de setembro de 2013

Selo

Uma carta sem selo é enviada
Percorre o seu trajecto com outras
Mas não com o remetente

Segue até ao seu destino
E ela própria é a destinatária
Dum conteúdo infindável e inesquecível

Não há como colocar lacre em tais palavras
Pois elas formam um texto que se
renova
modifica
evolui
Um envelope e um selo, sim:
Pela - e por isso apenas - força do vento

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Bittersweet

The bittersweet flavor stems
From the blowing wind
Like the smoke in the air
Fleeing from the dust

Recalling the distance and the mysterious (in)difference,
The action follows and is followed by the reaction
A sense of belonging appears
Making one feel as if there is no chance of fitting

Believing that what will happen
Or whether is there a purpose
Brings as hard a thought
As the laughter unexpectedly heard

Put me to the test and
There might be success or failure
For a while there might be movement
But for sure there will be evolution

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Pedaços de (alguma) natureza

Perdido em vales de frescura imensa
Rio, tu nasces!, por entre pedras e plantas
Segues o teu caminho sem olhar para trás

Em montanhas, desfiladeiros e escarpas
Há a luz!, que se observa em curvas e contra-curvas
Fugaz, invades e te dispersas com a perspicácia só tua

No meio de campos de infindáveis planícies
Tantas direcções (te) surgem, girassol!
E tu, obstinado, sempre com a do Sol

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Invisível

Desaparecer nas sombras
Sem ser visto 
Pois quem vê não olha mas
Trespassa

Há halo, há eclipse
Pela luz ou pela sobreposição

e a
tristeza (daí e não só)
decorrente

Repetir

Insistir numa tecla morta
Não vale tanto como tocar uma corda partida
Descobrir que o som não surge
Ao não haver respeito

Iterar, iterar e iterar
Até obter o valor da espera

Divagar

Pelo futuro
Pelo horizonte
Pelas metas e pelos rumos
Pelo querer, poder e viver
Pelo estar e não estar
Pelo manter e não perder
Pela vida
Pelo acaso
Pela companhia
Por quem nos quer
Por quem queremos

sábado, 27 de julho de 2013

Oportuno

Toca o telefone, a horas ainda não desapropriadas
E do lado lá responde uma voz familiar e esperada
Há uma pergunta, um indagar e um desejo
Surge uma resposta, simples e difícil

Para quê ser oportuno quando se pode ser surpreendente?

Cabeça! Garganta! Estômago!
Profundo nó

Sharing

What should not be shared
When there are such strong feelings?

What is there to show without showing
When too much is never enough?

What is too little thus not worthwhile
When the smallest detail is stuck in the back of my head?

t r u s t

At a distance

So close and yet so far!

The voice over the distance,
Embarked on a journey and an adventure,
Speaks of the risk taken.
Taking and being taken for granted, 
From centimeters distance to hundreds of kilometers away,
Is just to be present while absent.

the chase, the thrill, the nostalgia, the struggle, the catch

Espaço

No meio de milhares de mihões de pessoas
Foco-me naquela que ocupa o espaço meu
Que deixa tudo não levando
Que marca, sempre

Os outros, que ocupam uma sala diferente
Podem ver-se barrados por uma parede
Mas não és tu que a ergues nem eu que não a desfaço
Somos nós que não a vemos pois ela não existe a não ser no que "era" de outros

Entre todo o contacto
Muitos interessam
Mas só um é

especial
único
sublime

Dinâmica

Amigos e amigas
Dos melhores aos piores
Os que estão mais perto e os que mais distam

São demasiado?
São quase nada?
O que são?

Não sei o que são
Porque quem sabe não sabe quem são
Mas quero saber sabendo por ti

Ao sabor do movimento

domingo, 21 de julho de 2013

Laço de flores

Guardo numa arca robusta
Imagens fugazes mas eternas
Percorro pelo laço as flores
Que me assaltam de surpresa

Um toque, um abraço, uma dança
Juntam-se sem fricção à memória
Que tenho do momento e conservo
Não para recordar sem voltar a sentir

E ainda, ao escutar mil músicas que procuro organizar
Não para ter mas para ouvir em repetição contínua
Perco-me; no som que associo àquela imagem

Pormenores

Os detalhes que importam
Fogem como pássaros assustados
Mal se desvia um passo para o lado (errado)

Os momentos que (por vezes) escapam e que
Não são - mas porquê? - gravados, pelo menos,
Numa palavra, imagem ou sensação

Os restos que irritam
Despoletados por feitios e manias
Entristecem e desmotivam - sem necessidade

Mas!
Recordemos, respeitemos e saudemos
Todo
Qualquer 
Pormenor

Caos

Apesar do silêncio,
Há caos.
Vejo no sorriso que não existe após

uma notícia
uma tristeza
umas palavras duras

Em ti, sim.
Em mim, sem dúvida.
Em nós, para quê?

Is there a limit?

Maybe,

there is a limit to where we see
there is a limit on who we mock
there is a limit for breaking (and entering)

But can you truly have a limit?

Imagining
Loving
Breathing
Smiling
Feeling
Going
Finding
Keeping
Burning
Wanting
Exploding
Staying

Living

Ondas

Flutuar, dedilhando, em ti
Em tranças que não existem
Por raios de luz acastanhada ou loira

Mergulhar, de cabeça encontrada,
Em águas cristalinas
Por marés infindáveis

Ouvir, sem filtro,
Em confusões ou silêncios
Pelo doce sabor da voz sem qualquer tique mecânico

Ondas!

Errado

Será correcto pensar
três, mil vezes
antes de falar?

O lugar da espontaneidade não é errado
em ti
em mim
em qualquer um que imagine

Não pensar
Não sonhar
Não imaginar
É conceber em si uma prisão
Como se se tivesse cometido um crime
Ou pecado por pecar
Por ter errado, aos olhos ou mentes ou sensos comuns de alguém

E, assim, penso
Não errada nem correctamente
Zero, vinte, duzentas vezes
Imagino, crio, faço acontecer
Imaginamos, criamos, fazemos acontecer

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Surpresa

Um sorriso sem palavras numa sala escura
Preparada para a ocasião sem sequer ter sido tocada
Vale tanto mais que milhares de metros
Pois expressa aquilo que não se pode escapar

Surpresa!

Partilhar

Bocados de pão, pedaços de doce, copos de líquido
Emprestam-se
Dão-se
Dividem-se
Escolhe-se a quem se dá e olha-se a quem nos pede

Vidas longas, histórias compridas, momentos únicos
Juntam-se
Contam-se
Partilham-se
Escolhe-se a quem se dá? Olha-se a quem nos pede?

Gira, mundo nosso, com a tua gente genuína

Enquanto dormes

A sono solto e com claridade residual através da persiana mal fechada
Passeias pelo mundo dos sonhos, dançando
Com que sonhas? Sentes que estou ali, a teu lado?

Inalo e respiro-te; exalo e sinto-te.
Tenho a sensação que emanas calor e frio ao mesmo tempo
Que és fonte de luz mesmo de olhos fechados

De repente, toldam-se meus olhos sobre si mesmos
Mas sem antes te escutarem no silêncio da noite escura
E assim, enquanto dormes: sonho e adormeço e vejo

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Carta

(negro em branco gasto, com algo mais)

Ir e Voltar, Vir e Retornar

Ir -
Como não querer deixar de ir, quando nos esperam?
Mais! Esperamos que nos esperem
Não queremos deixar à espera quem quer (como nós) que vamos

Voltar -
Perdendo o medo, a garganta treme
Propaga aos olhos, à face e aos neurónios todo o seu frio
E tornamos atrás com a frente lavada

Vir -
E há momentos em que ansiamos por uma vinda
Vindoura em tempos, ou prestes a acontecer
Mudos como uma pedra, rejubilamos

Retornar -
Na alvorada de luz solar, cinzenta pois é reflectida
Quem nos deixa vai e não pode ficar; ou pode?
Deixamos tudo nas mãos  da velocidade, e reiniciamos.

A música que flui

Dos corpos que dançam ébrios
Foge a música que ribomba nas colunas gigantes
Reflectindo nas bolhas criadas inocentemente pelos que não vibram

Por vezes, uma figura ímpar surge;
Dança, treme, baila
E aí a música - não toda, mas quase - encontra refúgio

No corpo em que a música flui

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Espera

Aguardando por um toque
Anseia-se mas não se desespera
Procura-se a calma no turbilhão
Sobrepõe-se a vontade à espera

Quem vem, virá
Quem está, estará
E o acaso da delonga não é mais
Do que uma onda no oceano

Que não separa

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Lidar

Uma situação não é mais que um mero acaso
Um encontro entre palavras, olhares ou contactos
Mas um sorriso mostra tudo; e quando, por vezes,
se esconde, como abrir de novo a arca pesada?
Sei que posso estar, falar ou explodir

E
no entanto
não é isso que quero:

Só me interessa o fluir único, sem destino mas
com inesgotável
sentido

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Até ao nascer do Sol

Quando no horizonte a luz raiou
E por todo o lado se espalhou
Já para mim era dia
Tal era o modo como o teu olhar reluzia
Nascendo o Sol, o corpo estremeceu
Pelo frio que o calor repentino desvaneceu

E tudo à volta era magia
Na forma de cada bocado que se fazia
De imaginação, de loucura e de alegria

terça-feira, 11 de junho de 2013

Escala de espontaneidade

Repentino e fugaz como um olhar desviado
Uma acção sofre de um pensamento prévio
Não é nada mais do que natural;
Não é nada mais do que uma vontade.

Saber à partida, nem que por um milésimo de segundo, (o) que se sabe,
Destrói a criatividade? Não;
O que é espontâneo é-o sem necessidade de o ser
Pois nasce de dentro do cérebro inimitável de cada um

Cabelos

Cabelos à solta ao vento
O trompete soa a ouro no fundo da cabeça
A rua dança, a baía brilha e as estrelas mostram-se
E no silêncio de uma música há olhos que se encontram sem se ver, e reluzem

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Par

Acção e reacção
Como evitar?
Não, não há escapatória;
Uma traz a outra.

Palavras doces tornam-se duras
Pontos quentes arrefecem ao vento
E a noite toma o seu verdadeiro tom de negro

E se uma foge, a outra alcança
Se outra desespera, a outra espera
Quando uma incendeia, a outra apaga

Amarelo

Palavras que não são ditas
Fazem-se acompanhar de um sorriso amarelo
Ecoam no silêncio que consome
E entram em combustão, sem saber como

Numa alma que não existe
Há um pilar que oscila sob ensaio
Mas não rompe nem quebra

Vem, luz amarela do carro que
Ziguezagueia a alta velocidade
Por curvas tortas e imprecisas

Encandeia!

Lampião por entre as árvores

Uma luz no escuro alumia
O chão pisado pelo ar
E por quem não passa

Um arvoredo viçoso
Teima em quebrar o raio artificial
Mas a luz mostra-se, com suas milhentas cores

E ignora o pouco espaço por onde passa

Cintilante

Um pequeno rebento de planta
Submerso, a não ser por um pouco,
Por terra imunda e escura
Cresce, a traços largos,
Fura o ar com a sua vontade e entusiasmo

Despedir-se-á, um dia, da flora e fauna
Que sempre o rodearam com diversos olhares

Explodirá, qual supernova
Cujo brilho não é visível ao longe
Mas que lá está, esteve e sempre estará

sábado, 1 de junho de 2013

Ânsia

Quero chegar sem demora
A um lugar que desconheço
Posso, aí, ser feliz?

Caibo na arca que mostras aberta
Pelo menos em sonhos estranhos
Mas há quem duvide, como eu e tu

E tudo gira continuamente
Num sentido ou no contrário
Não há como parar;
Só se pode ansiar.

Raio de Sol

Raio de Sol
8 minutos é demasiado tempo
Porque estás tão longe?
Quero-te aqui, já, sempre

Raio de Sol
Queimas, assas e ardes
Castigas;
Não podes deixar de o fazer

Raio de Sol
Por entre plantas e prédios
Vem!

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Rainhas nas entrelinhas

Movendo-se por quaisquer casas,
Há, por todo o lado, rainhas.
Cercam peões que tentam, um dia,
Se transformar em algo mais

Limite

Num desassossego de umas palavras que não ouço
Há uma inquietação bidireccional mas desequilibrada
O contraste de cores e brilhos salta à vista
E o limite surge, nunca sendo só o céu

E forte é, que dói
E fútil é, que exaspera
E saudoso é, que entristece

Histórias numa história

Uma história que mal começou
Pode um dia ou nunca acabar
Mas como um fio num novelo
A cada momento tem um inevitável desenrolar

Dentro dela, há pequenas partes.
Histórias em si mesmo
Reais, irreais,
Fantasiosas ou naturais!

De ouvir para crer
Ou de acreditar por temer
As histórias que habitam uma história
São momentos

únicos
partilhados

e
(um - qualquer - dia)
relembrados

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Sol por entre as árvores

O astro esconde-se a caminho do horizonte
Liberta o seu último fulgor no que chamamos hoje
Muda de cor a seu bel-prazer
Pois sabe que o amanhã é garantido

Mas a nós nem ele nos garante
Que o calor continue a brotar dos nossos corpos
E que a electricidade flua pelo nosso ser físico

Sol, ou nada.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Loucura

Ser louco é ser fiel a si mesmo
Aos neurónios, aos impulsos
Tomar uma direcção com toda a força das ondas
E navegar pela água de mil cores
Pintando-a com o (nosso) próprio tom

"Quando me dizem: "vem por aqui!" (...)
Nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar (...)
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam os meus próprios passos (...)
Eu tenho a minha loucura! (...)
Não sei por onde vou
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!"

Criar

A criatividade que espanta
E que é peça essencial,
Roldana, engrenagem, motor
Do mundo que gira
Tem forma de teia de aranha
Sem prender mas envolvendo
Liberta, voa, catapulta
Em mentes sãs (ou não)
(em corpos sãos (ou sim))

É o poder real que quem tem e o sabe
A ele não mais aspira com voracidade
Usa-o, antes, para explodir em velocidade
Para viajar sem rumo mas com meta

E o vento, incessante e forte
Torna-se numa brisa ineficaz
Ajoelha-se perante o raio de Sol
Que refracta, reflecte e aquece

domingo, 7 de abril de 2013

Era uma vez

Contando histórias
Partilhando fumo
Bebendo à saúde irónica

Um bar, dois bares, quantos mais?
A música faz sentir e lembrar
E nem mesmo a memória triste
Ou o acaso infeliz
Apagam a luz de qualquer história

Daquelas que começam (sem se saber como acabam)
por "Era uma vez..."

Crianças grandes

Qual a necessidade de ser grande quando já se foi criança?
Envelhecemos, vivemos, criamos memórias
E a criança está lá, sempre viva e atenta
Olha-nos; distorce-nos sem darmos sequer conta
E o que queríamos ser, se não somos
Não é mais do que um travão de ser grande
Que a qualquer momento

pode
deve
tem de

ser fustigado pela inocência de sermos, termos sido e sempre irmos ser

crianças
(pequenas ou grandes)

sábado, 30 de março de 2013

Disposto?

Preparado e confiante
Um rapaz segue a sua mente pelo mundo fora
Vai sozinho? Pode ir, mas nunca o está
Nunca o esteve mesmo quando só esteve consigo

E se alguém o acompanha
Vai sozinho também, porque o é
Mas partilha, descobre e explora

Regista;
assimila;
vibra!

Fluidez

No meio do fumo e do barulho
Os anos passam e as vidas mudam
De modo, de estilo e de estado

Mas há sempre oportunidade para caminhar um pouco
Não para trás, mas para a frente
Porque a conversa nasce

Como antes escorria
e sempre fluiu

quarta-feira, 27 de março de 2013

Silêncio (2)

Cai um raio na terra
E me sobressalto com o silêncio
Que o trovão, ao não vir, traz

O silêncio, se pela indiferença, muda
Cala, arrepia e gela

Toque

Toque de campainha
Alguém à porta, que pretende?
Uma entrada de rompante
Ou um panfleto de deitar fora?

Toque de classe
Andar e não cair
Com ou sem apoio
Do alto, com vista para o mundo

Toque de mãos
Relaxante e necessário
Benefício na pobreza
Energia, calma e destreza

sexta-feira, 15 de março de 2013

Fio condutor

Num emaranhado duma rede
Cada um tem o seu fio que o conduz
A ele se agarra e se deixa levar
Ou ele se enrola e faz caminhar

Cada um, cada qual
Tem o seu fio, que pode ou não conhecer
Mas ele existe no meio da rede
Mais ou menos entrelaçado

O fio condutor é uma planta
Que recebe luz e a processa
Mas o resultado dessa fotossíntese
Cada um, cada qual, pode ou não aproveitar

domingo, 10 de março de 2013

Por uma noite

Uma noite, uma estrela que brilha
Mostra a sua luz ao homem que caminha só
Mas não está abandonado; além da estrela,
Pulsam os neurónios do seu cérebro inebriado
E assim, sente, pelo menos por uma noite, que vive

sábado, 9 de março de 2013

Blocos

Pedaços de vida sem ânimo
Ligam-se e operam
Quais máquinas de uma fábrica
Sabem o que fazem

Blocos, que seguem instruções

Desenhar

Como pegar num lápis se a mão não responde?
Como fluir no movimento se a psicose atrasa?
Como olhar para o branco e não ficar estarrecido pela inveja?

São linhas, formas e figuras
Que se expressam sem desenhar
São sonhos, manias e ilusões
Que atacam sem cessar

Crepúsculo

Já não é madrugada mas ainda não é manhã
Surge no meu sonho uma cara vagamente familiar
Mas ao mesmo tempo longínqua

O sorriso pergunta-me: "Como vais?"
As feições convidam e pergunto-me se quero
Quero? Quis, já não quero nem posso

São pontos nos is que já não existem
Demasiadas barreiras se elevam sem piedade
E, mesmo assim, o rosto pontua o sonho

Peso

Leve como pedras de uma água
As mesmas que na calçada se pisam
Peso diferente, maior, e, ah!, a robustez

Um camião que passa pesa e passa
Pesado, como o mundo e as vidas
Que com ele e nele giram

Pesamo-nos e deixamos que nos pesem
Ligamos a balança electrónica mal acordamos
E sem sentir, julgamos

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Lembrança

Não é mais do que escrevo
Nem tanto que me sobressalte
São relâmpagos sem trovões
Botões sem casa

E, assim sendo, desaparecerão.
Por isso, os vou deixando escritos
Não por minha vontade mas só

e apenas

pela qualidade, efémera, do que foi e já não é

Versos emprestados

Estar tão longe e tão perto ao mesmo tempo
Pedir proximidade sem julgar distâncias
São utopias ou realidades?
São manias ou vontades?

E, mais a mais, o que tenho
Não é mais do que uma letra na cabeça
Que me recorda e assalta

"Quem vem e atravessa o rio (...)"

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Encontrar sem procurar

É um esforço em vão saber quem sou
Quando não sei quem és
Mas vale a pena se o mundo se move
E um encontro casual pode surgir

Da luz!

Olhos

Fechavas as portadas com delicadeza
Adormecias numa cama pré-aquecida
Dormias profundamente sonhando e vivendo
Acordavas e via teus olhos de um azul inesperado, quente e esplendoroso

E tu, também? Companhia para tanto
Mas a uma distância tão grande quanto necessária
Ah! Os olhos!
Os teus, uma pequena parte da tua beleza ofuscante

Numa tristeza recente dizias que não podias conversar
Mas falavas, com entusiasmo
Largavas um pouco de saber e inocência
Com olhos tristes mas reluzentes e soberbos