sábado, 30 de março de 2013

Disposto?

Preparado e confiante
Um rapaz segue a sua mente pelo mundo fora
Vai sozinho? Pode ir, mas nunca o está
Nunca o esteve mesmo quando só esteve consigo

E se alguém o acompanha
Vai sozinho também, porque o é
Mas partilha, descobre e explora

Regista;
assimila;
vibra!

Fluidez

No meio do fumo e do barulho
Os anos passam e as vidas mudam
De modo, de estilo e de estado

Mas há sempre oportunidade para caminhar um pouco
Não para trás, mas para a frente
Porque a conversa nasce

Como antes escorria
e sempre fluiu

quarta-feira, 27 de março de 2013

Silêncio (2)

Cai um raio na terra
E me sobressalto com o silêncio
Que o trovão, ao não vir, traz

O silêncio, se pela indiferença, muda
Cala, arrepia e gela

Toque

Toque de campainha
Alguém à porta, que pretende?
Uma entrada de rompante
Ou um panfleto de deitar fora?

Toque de classe
Andar e não cair
Com ou sem apoio
Do alto, com vista para o mundo

Toque de mãos
Relaxante e necessário
Benefício na pobreza
Energia, calma e destreza

sexta-feira, 15 de março de 2013

Fio condutor

Num emaranhado duma rede
Cada um tem o seu fio que o conduz
A ele se agarra e se deixa levar
Ou ele se enrola e faz caminhar

Cada um, cada qual
Tem o seu fio, que pode ou não conhecer
Mas ele existe no meio da rede
Mais ou menos entrelaçado

O fio condutor é uma planta
Que recebe luz e a processa
Mas o resultado dessa fotossíntese
Cada um, cada qual, pode ou não aproveitar

domingo, 10 de março de 2013

Por uma noite

Uma noite, uma estrela que brilha
Mostra a sua luz ao homem que caminha só
Mas não está abandonado; além da estrela,
Pulsam os neurónios do seu cérebro inebriado
E assim, sente, pelo menos por uma noite, que vive

sábado, 9 de março de 2013

Blocos

Pedaços de vida sem ânimo
Ligam-se e operam
Quais máquinas de uma fábrica
Sabem o que fazem

Blocos, que seguem instruções

Desenhar

Como pegar num lápis se a mão não responde?
Como fluir no movimento se a psicose atrasa?
Como olhar para o branco e não ficar estarrecido pela inveja?

São linhas, formas e figuras
Que se expressam sem desenhar
São sonhos, manias e ilusões
Que atacam sem cessar

Crepúsculo

Já não é madrugada mas ainda não é manhã
Surge no meu sonho uma cara vagamente familiar
Mas ao mesmo tempo longínqua

O sorriso pergunta-me: "Como vais?"
As feições convidam e pergunto-me se quero
Quero? Quis, já não quero nem posso

São pontos nos is que já não existem
Demasiadas barreiras se elevam sem piedade
E, mesmo assim, o rosto pontua o sonho

Peso

Leve como pedras de uma água
As mesmas que na calçada se pisam
Peso diferente, maior, e, ah!, a robustez

Um camião que passa pesa e passa
Pesado, como o mundo e as vidas
Que com ele e nele giram

Pesamo-nos e deixamos que nos pesem
Ligamos a balança electrónica mal acordamos
E sem sentir, julgamos