domingo, 27 de dezembro de 2015

Ao fundo

O legado de deixar uma herança
Suplanta a vontade de presentear-me com um futuro
Incomoda, inquieta e provoca a insónia
Do incauto sonhador de pequenos passos

As pernas que me movem sujam-se com remendos
De pedaços de vida - morta, lutadora mas esquecida

Os bocados, os deixo; estendei a mão, aí estão!

Fragmentos

É mais uma peça que se encaixa no horizonte
Que ao fundo se desfaz e reconstrói em tempos infinitesimais

É mais um, o que nunca esqueço,
Que me assola e redescubro

Vagueio pelo tempo, sem saber que é também espaço
O que ocupo é o que me limita, creio
Mas sei que o que me abraça é só o que perdura

As escolhas que fazes

Se há pedaços de fio que queimam ao ver,
São os que imagino que incendeies sem temer
Com mestria julgas a tua própria indecisão
Sem saber nunca se essa é a minha opinião

Irritas e afagas com as mesmas poucas palavras que proferes
Entranhas cérebro dentro nada a não ser o que queres
Mas será que desejas ou apenas cobiças?
É que apenas vejo inveja, medo e as minhas mãos submissas

Escolhes e fazes as escolhas que fazes

Junção

Pequenas e obtusas
As operações sucedem-se na frente escura do sono
O sonho bate à parte, mas não entra;
Soma-se uma pedra a um cordel
E divide-se o novelo do leito

Venha, a multiplicação
Dos dias e das magias
Subtrairei pela bondade se por aí houver vontade