terça-feira, 29 de novembro de 2011

Sem forma

Sem forma nem conteúdo
Escrevo e descrevo
Uma entidade sem descrição
E é possível? Sim, torna-se
Meu e logo teu

Assim o queiras
Assim me permitas

Problemas

São problemas que me atormentam
Mas são eles que me fazem viver
São problemas que se pudessem
Não eram mais do que um esmorecer

O que sou, sem problemas,
O que sou, sem caminhar

Eu? Ou outro que não eu?

Musa

És minha musa mas nunca o podes ser
Inspiração para cortar pelos dias sem esmorecer
Cobras a tua conta com outras escolhas
Mostras a tua face, o teu cabelo, o teu estilo
Que me lembra e faz lembrar do que não tenho
E já não quero, porque não é a ti que quero

És minha musa mas nunca devias ser

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Alusão a ti

Escolhe-me a mim e
Diz o que pensas
O que mais te apoquenta e
O que faz feliz

Tira-me desse lugar recôndito
Onde escondes o que é teu
Vem, volta, recomeça

Faz de mim aquilo que és e
Aquilo que não sou

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Nova aparência

Uma aparência nova ou renovada
Surge perante os meus olhos
Como um pedaço de fruta nova
Ou uma parede branca pintada de fresco

Mas ilude? Pode fazê-lo,
Pode mostrar aquilo que não é
Mas também não sei o que será

É apenas uma aparência. Uma
Amostra de cor, luz e som
Uma amostra de pessoa

Nulo

O que é nulo transtorna
Prolonga no tempo o problema de o ser
Estraga vontades e causa desgostos

Mas sendo nulo, é belo

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Memórias felizes

Vazio de recordações de alegria?
Não, nunca,
Mas não sempre
Porque o que é feliz marca pouco em mim

E o mundo gira na mesma.

Memórias tristes

Fácil é acumular lembranças
De tempos difíceis ou complexos

Lembrá-los faz vibrar
Como um ponte desgovernada

Vivê-los faz desdenhar
O que não é triste noutros

Seres
Lugares
Neurónios

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Numa parede

"Nascer, trabalhar, morrer" é
Escrito numa parede
E derrota quem lê
Como uma espada domina outra

Dito por não dito,
O espaço que se invade
É perdido ou perdição

E largando-o, não se sabe nunca
Onde ele pára ou recomeça
Pois não se acredita

Livre e pronto

Desprender, soltar, saltar
Largar e deitar fora
O que sobra ou é fútil

Libertar, esvoaçar, sair
Criar ou recriar
O que não tem fronteiras

Desamarrar, cortar, fluir
Montar e sobrevoar
O que se desmorona

terça-feira, 1 de novembro de 2011

São novas, estas sensações

Não há modo de explicar
O nó que se dá no estomâgo
Nem o nó que se forma na garganta
Nem mesmo aquele que pés trocados fazem

No entanto, há uma forma de mostrar
Que o que sinto não sinto,
Não é meu mas teu
E é novidade

Mas não adoro eu
A Novidade, a Beleza e o Universo?
Ah, sim! Sem dúvida que são
Nós em mim

Fria

Veni, vidi, vici
Mas não, não conquisto.
Sou conquistado por uma mão gelada
Que me toca com desprezo

E conversas ecoam ao longe
E ribombam em mim
Como trovões numa noite dessas

Mas são lamúrias tristes
Que me engolem e paralisam
Como o teu adeus, que não é quente;

Que não existe