segunda-feira, 24 de junho de 2013
Ir e Voltar, Vir e Retornar
Como não querer deixar de ir, quando nos esperam?
Mais! Esperamos que nos esperem
Não queremos deixar à espera quem quer (como nós) que vamos
Voltar -
Perdendo o medo, a garganta treme
Propaga aos olhos, à face e aos neurónios todo o seu frio
E tornamos atrás com a frente lavada
Vir -
E há momentos em que ansiamos por uma vinda
Vindoura em tempos, ou prestes a acontecer
Mudos como uma pedra, rejubilamos
Retornar -
Na alvorada de luz solar, cinzenta pois é reflectida
Quem nos deixa vai e não pode ficar; ou pode?
Deixamos tudo nas mãos da velocidade, e reiniciamos.
A música que flui
Foge a música que ribomba nas colunas gigantes
Reflectindo nas bolhas criadas inocentemente pelos que não vibram
Por vezes, uma figura ímpar surge;
Dança, treme, baila
E aí a música - não toda, mas quase - encontra refúgio
No corpo em que a música flui
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Espera
Aguardando por um toque
Anseia-se mas não se desespera
Procura-se a calma no turbilhão
Sobrepõe-se a vontade à espera
Quem vem, virá
Quem está, estará
E o acaso da delonga não é mais
Do que uma onda no oceano
Que não separa
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Lidar
Um encontro entre palavras, olhares ou contactos
Mas um sorriso mostra tudo; e quando, por vezes,
se esconde, como abrir de novo a arca pesada?
Sei que posso estar, falar ou explodir
E
no entanto
não é isso que quero:
Só me interessa o fluir único, sem destino mas
com inesgotável
sentido
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Até ao nascer do Sol
E por todo o lado se espalhou
Já para mim era dia
Tal era o modo como o teu olhar reluzia
Nascendo o Sol, o corpo estremeceu
Pelo frio que o calor repentino desvaneceu
E tudo à volta era magia
Na forma de cada bocado que se fazia
De imaginação, de loucura e de alegria
terça-feira, 11 de junho de 2013
Escala de espontaneidade
Repentino e fugaz como um olhar desviado
Uma acção sofre de um pensamento prévio
Não é nada mais do que natural;
Não é nada mais do que uma vontade.
Saber à partida, nem que por um milésimo de segundo, (o) que se sabe,
Destrói a criatividade? Não;
O que é espontâneo é-o sem necessidade de o ser
Pois nasce de dentro do cérebro inimitável de cada um
Cabelos
Cabelos à solta ao vento
O trompete soa a ouro no fundo da cabeça
A rua dança, a baía brilha e as estrelas mostram-se
E no silêncio de uma música há olhos que se encontram sem se ver, e reluzem
segunda-feira, 10 de junho de 2013
Par
Como evitar?
Não, não há escapatória;
Uma traz a outra.
Palavras doces tornam-se duras
Pontos quentes arrefecem ao vento
E a noite toma o seu verdadeiro tom de negro
E se uma foge, a outra alcança
Se outra desespera, a outra espera
Quando uma incendeia, a outra apaga
Amarelo
Fazem-se acompanhar de um sorriso amarelo
Ecoam no silêncio que consome
E entram em combustão, sem saber como
Numa alma que não existe
Há um pilar que oscila sob ensaio
Mas não rompe nem quebra
Vem, luz amarela do carro que
Ziguezagueia a alta velocidade
Por curvas tortas e imprecisas
Encandeia!
Lampião por entre as árvores
Uma luz no escuro alumia
O chão pisado pelo ar
E por quem não passa
Um arvoredo viçoso
Teima em quebrar o raio artificial
Mas a luz mostra-se, com suas milhentas cores
E ignora o pouco espaço por onde passa
Cintilante
Submerso, a não ser por um pouco,
Por terra imunda e escura
Cresce, a traços largos,
Fura o ar com a sua vontade e entusiasmo
Despedir-se-á, um dia, da flora e fauna
Que sempre o rodearam com diversos olhares
Explodirá, qual supernova
Cujo brilho não é visível ao longe
Mas que lá está, esteve e sempre estará
sábado, 1 de junho de 2013
Ânsia
A um lugar que desconheço
Posso, aí, ser feliz?
Caibo na arca que mostras aberta
Pelo menos em sonhos estranhos
Mas há quem duvide, como eu e tu
E tudo gira continuamente
Num sentido ou no contrário
Não há como parar;
Só se pode ansiar.
Raio de Sol
8 minutos é demasiado tempo
Porque estás tão longe?
Quero-te aqui, já, sempre
Raio de Sol
Queimas, assas e ardes
Castigas;
Não podes deixar de o fazer
Raio de Sol
Por entre plantas e prédios
Vem!